O percentual de famílias
brasileiras com dívidas continuou em alta no mês de agosto e atingiu 72,9%, um
novo recorde mensal. O dado faz parte da Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quarta-feira (25) pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Os pesquisadores explicam
que endividamento é diferente de inadimplência, quadro que se configura quando
as dívidas estão em atraso. Em agosto, um em cada quatro brasileiros (25,6%)
não estava conseguindo quitar as dívidas no prazo, percentual que se mantém
estável em relação a julho e é 1,1% menor que em agosto de 2020.
Além do número de
famílias endividadas, também está aumentando o percentual de famílias com mais
de 50% da renda mensal comprometida com suas dívidas. Essa proporção chegou a
21,1% do total de famílias endividadas em agosto.
Na análise da CNC, a alta
contratação de dívidas é motivada, principalmente, por fatores como a
precariedade do mercado de trabalho formal e a inflação elevada.
O presidente da
instituição, José Roberto Tadros, explica que muitos brasileiros têm recorrido
à informalidade e obtido crédito para investir em pequenas atividades que
possam recompor sua renda e garantir seu sustento.
“Mas há uma necessidade
grande de planejamento do orçamento familiar para que esse alívio não vire um
problema ainda maior do que o que se tinha inicialmente, uma bola de neve”,
alerta.
A CNC destaca que o
crédito mais acessível, com taxas de juros relativamente baixas, contribuiu
para um maior endividamento no primeiro semestre de 2021, quando a concessão
média de crédito aos consumidores atingiu 19,2%, a maior desde o início de
2013. Apesar disso, a alta da inflação e o consequente aumento da taxa básica
de juros (Selic) já têm sido precificados pelo mercado, o que resulta em juros
mais altos.
Para a economista
responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, mesmo que a inadimplência permaneça
estável, a elevação dos juros aumenta o risco de esse indicador piorar no
futuro.
“O crédito mais caro e as
despesas elevadas restringem a capacidade de consumo das famílias. Enquanto
faltarem sinais mais robustos de recuperação no mercado de trabalho formal e na
renda, com alívio da inflação, as necessidades de recomposição dos rendimentos
pelos mais vulneráveis seguirão elevadas. Com isso, o endividamento no país
pode aumentar ainda mais”, diz a especialista.
Fonte: Conexão Política
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