segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Podemos rir numa ditadura? Por Rodrigo Constantino


Rodrigo Constantino (economista e colunista da Gazeta do Povo)


A cada dia que passa acordamos com notícias do avanço da ditadura instalada no Brasil. Hoje a PF prendeu um pastor e uma cantora gospel pelo "crime" de convocar gente para uma manifestação usando a Bíblia e "seus direitos". Como o simples ato de se manifestar está sendo confundido com invasões golpistas, sem qualquer individualização da pena, então convocar para um protesto garantido por lei já vira o novo crime em si. Estranho...


Aí temos o hacker da Vaza Jato na CPMI dos "atos golpistas". O responsável por entregar material a petistas que serviram para soltar Lula da cadeia afirma que Bolsonaro participou de reuniões e fez promessas indecorosas. A esquerda trata a afirmação de um criminoso como prova do crime em si, pois contra bolsonaristas não é mais preciso ter evidência alguma, e delação não é tortura.

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Está puxado! O Brasil cansa. Esse era o meu bordão de antes. Preciso atualizar isso para "O Brasil deprime". E, diante da depressão que bate quando acompanhamos as notícias no país, ainda mais sendo alvo da ditadura instalada, o que fazer? Em uma live minha da semana passada lancei mão do sarcasmo. Falei por mais de uma hora só com ironias, brincando que "o amor venceu", que eles xingam, agridem, perseguem, destroem as instituições, mas tudo com muito amor.


O feedback que recebi foi, em geral, muito bom. A turma gostou do meu desempenho como comediante. Mas um amigo de luta pela liberdade não gostou, e me enviou uma mensagem crítica. Como brincar quando essa corja acaba com o que restou de nossas liberdades e nossa democracia? Eis o que ele escreveu em seu Twitter também:

Conservadores sendo censurados, perseguidos e até presos, e ainda fazendo piadinha chamando essa ditadura comunista de governo "do amor". É tipo os prisioneiros dos gulags fazendo piada com o Stálin. Parem de se render à linguagem do inimigo. Precisamos chamá-los do que eles são.

Ele tem um ponto. Será que faziam piadas durante o avanço comunista nos países que viraram ditaduras totalitárias? Faziam sim, pois é muitas vezes a única válvula de escape para aguentar o rojão. E também porque pode ser a única saída para não ser enquadrado em novos crimes - se bem que os ditadores brasileiros já miram em humoristas também. O humor sempre foi um instrumento poderoso, e por isso todo "combatente da democracia" demonstra um perfil sisudo e carregado.

Confesso não ter opinião formada aqui. Entendo que fazer uso de ironias num momento em que prendem sem qualquer crime, usam censura, congelam contas bancárias do nada e cancelam passaportes de jornalistas só por perguntas incômodas, pode parecer algo estranho, como rir na beira de um vulcão já em erupção.

Ao mesmo tempo, não descarto a possibilidade de, com ironia, expor ainda mais o ridículo da mensagem de quem se coloca como protetor da democracia ao destruí-la ao lado de bajuladores de tiranos. Talvez haja espaço para as duas estratégias, dependendo do perfil - ou do dia.

É preciso falar sério sim: essa turma está tentando transformar o Brasil na nova Venezuela, e não há qualquer graça nisso. Mas não vou condenar quem, desesperado com a realidade, apela para o humor, para suportar melhor essa situação surreal. Tenho lugar de fala: sou alvo deles e estou pagando um preço alto por defender a liberdade - de forma séria e também com ironias.

Leia mais em: Gazeta do Povo



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